Crédito: Homero Pivotto Jr. |
O trio gaúcho Motorcavera está com clipe novo circulando na rede! O vídeo da faixa ‘O Toque’ foi lançado nesta quarta-feira (6/7) nas plataformas digitais da banda. A música faz parte do primeiro registro oficial do trio, batizado como 'Desmonte', que deve ser lançado em breve. As imagens foram captadas no Dub Studio, em Porto Alegre, onde também foi gravado o disco. Pelo local já passaram nomes como Os Replicantes, Wander Wildner, Bidê ou Balde, Ultramen, Walverdes, Space Rave, Bixo da Seda e De Falla.
Sobre a Motorcavera:
Não se pode regular a velocidade da vida. É nesse ritmo, por vezes acelerado, em outros momentos mais cadenciado, que a Motorcavera segue sua jornada. Independentemente da urgência, que é sempre uma variável, a intensidade da banda naquilo que faz é constante. E a insatisfação é o combustível para uma trip que explora caminhos musicais distintos, cheios de paisagens e texturas. É a rota de fuga do mundo exterior rumo à busca do autoconhecimento.
Não é um trajeto fácil de se percorrer. Há trechos tortuosos pelos quais se têm de passar para encontrar um destino que, talvez, esteja cada vez longe da nossa compreensão. Mas o importante é prosseguir. E é isso que o trio hoje composto por Eddi Maicon (guitarra e voz), Diego Neves (bateria) e Guilherme Wallau (baixo) faz desde 2008.
A estrada sempre foi uma constante. O grupo, formado por músicos de Santa Maria — região central do Rio Grande do Sul — que hoje vivem em Porto Alegre, fez sua estreia em São Paulo, onde se manteve por um período. Mas o tranco na megalópole forçou o retorno aos pagos do Sul. E foi na capital gaúcha que o conjunto sentou praça.
O ponto de partida e a força que mantém a máquina fumegando até hoje coincidem e se encontram numa mesma encruzilhada, onde a vontade de fazer um som, sair da mesmice, explorar as possibilidades e deixar-se levar são vias possíveis.
No início, a pressa dava o direcionamento das composições. Havia uma necessidade de ser veloz, pisar fundo, sentir o ronco dos amplificadores e o cheiro do álcool queimando. Basta uma passada pelo EP I (2012) para notar que a Motorcavera queria mesmo era correr. Talvez de si mesmo, quem sabe do mundo. Já no EP Pedra Redonda (2015), essa sensação mostra-se menos frenética, porém não menos impetuosa.
É como assimilar a ideia de que quem vai muito rápido não aprecia a vista que o horizonte proporciona. Além do mais, a névoa, sempre companheira dos que procuram por uma boa viagem, exige atenção redobrada nos pedais. Por isso, a banda reduziu a aceleração e ajustou as engrenagens para ganhar em potência.
Isso é perceptível no novo registro, Desmonte, que explora camadas sonoras tão consistentes quanto as do asfalto recapeado nas ruas de qualquer cidade mediana. O primeiro full-length mostra uma Motorcavera tranquila para transitar do stoner ao noise, com direito a passeios pelo punk e pelo indie garageiro nervoso. Ainda que não seja um álbum temático, tem como figura inspiradora, em um contexto geral, a desconstrução. Algo que, como bem sabemos, leva tempo e exige paciência. Então, deixe-se levar com a brisa e aproveite os solavancos dessa trajetória não retilínea.
Enviado por Homero Pivotto Jr.
Jornalista e assessor de Imprensa