Se até o século XIX o blues esteve restrito a ex-escravos do sul dos EUA, no século XX ele cairia no gosto de toda a sociedade yankee e, através do rock, sua mais visível derivação, ganharia adeptos em todo o mundo, principalmente a partir dos anos 60.
Crédito Foto: Gabriel Garcia |
Por aqui, pode-se encontrar um arremedo do estilo já na Jovem Guarda em suas versões para rocks dos anos 50 que seguiam a forma de 12 compassos, bem como seu fraseado e riff’s com a mistura de escalas pentatônicas menores e maiores.
Nos anos 70 o blues ganhou fôlego em discos de Raul Seixas, Made In Brazil, Rita Lee & Tutti Frutti. E se ainda assim não se pode dizer que esteja no mainstream da nossa cultura pop, não há quem discorde de sua força musical, presente vez ou outra em artistas dos mais variados segmentos, de Barão Vermelho a Zeca Baleiro.
Pois ZéVitor também não passaria impune a essa envolvente levada. Embora flertar com ritmos distintos seja a marca do cantor, o primoroso arranjo de seu novo single, Banco de Areia, pode causar num desavisado a impressão de estar diante de um autêntico representante do gênero norte-americano.
Uma das melhores produções de Mayam, cuja gravação de violão é uma obra-prima, a faixa composta inteiramente por Zé, tem um contrabaixo acústico (Edu Martins) e um Fender Rhodes (João Mello) impecavelmente executados. Tudo isso sobre um vocal imponente e uma letra típica dos lamentos do blues, transposta, é claro, para a devida realidade praieira do jovem artista carioca:
Nade para fora desse banco
De areia raso, venha, vamos para o fundo
Largue tuas boias e o seu medo de tudo,
medo de mergulhar em mim.
A chave de ouro fica por conta da participação de Zélia Duncan. Ao mesmo tempo doce e rascante, a voz da cantora comporta ainda outra característica típica de um bom vinho: o tempo. Pertencente a uma das melhores safras da nossa música, Zélia empresta maturidade e excelência à canção, que tem lançamento previsto para 13 de agosto.
Lançamento Banco de Areia ZéVitor ft. Zélia Duncan
Quando: sexta, dia 13 de agosto, às 16h, no YouTube https://youtu.be/
Ilustração: Lucas Paixão
Banco de Areia (ZéVitor)
Nade para fora desse banco
de areia raso, venha vamos para o fundo
Largue tuas boias, e o teu medo de tudo,
medo de mergulhar em mim
Não dá pra medir amor
Reagir…
Se depender de mim, sou só eu e você
Pra não sobrar a dor
que sempre vem com o fim
Se depender de mim, sou só eu e você
Mas você não pensa assim agora.
Tanto amor por outro outrora,
que desperdiçou o teu amor e jogou fora
Peço que não demore pra se despir
Das coisas da cabeça que nos apavoram
E eu não vejo a hora de te ver sair
Desse balde de água fria e relação morna
Eu te acolho, se você me permitir,
mas peço que
Nade para fora desse banco
De areia raso, venha, vamos para o fundo
Largue tuas boias e o teu medo de tudo,
medo de mergulhar em mim.
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