O show da banda finlandesa que contabiliza 19 anos de carreira ocorreu no último dia 29 de setembro, em Porto Alegre. A performance iniciou pontualmente às 21 horas com o Bar Opinião lotado. Show que encerrou a etapa brasileira da sexta turnê mundial da banda de metal sinfônico
, realizada para promover seu oitavo álbum intitulado "Endless Forms Most Beautiful". Primeiro álbum com a cantora holandesa, Floor Jansen, nos vocais.
O público que compareceu na mais tradicional casa de shows da capital gaúcha na última terça-feira, com certeza, assistiu uma das melhores performances do Nightwish, um dos maiores expoentes do metal sinfônico mundial, retifico, da música internacional. Para que rótulos, não é mesmo?
A plateia era composta de fãs das mais variadas faixas etárias. O que era padrão entre eles era a paixão pelo grupo que agora se apresenta como um sexteto formado pelo tecladista
Tuomas Holopainen, pela vocalista
Floor Jansen, pelo guitarrista
Emppu Vuorinen, pelo multi-instrumentista
Troy Donockley, pelo baixista
Marco Hietala e pelo baterista
Kai Hahto, este último, interinamente, substituindo Jukka Nevalainen.
A banda inicia o show com "Shudder Before The Beutiful" seguida por "Yours Is An Empty Hope", duas músicas do mais recente álbum da banda, e o público presente acompanha a banda com a mesma empolgação que acompanha os hits do Nightwish.
Na sequência o Opinião quase veio abaixo com os primeiros acordes de "Ever Dream". Essa música ao meu ver, exemplifica perfeitamente o som que o Nightwish faz, o estilo que a banda ajudou a fortalecer. O público vai à loucura. O contraponto da voz de Floor e de Marco Hietala, com suas diferenças, meio que duelam, combinam. Ao mesmo tempo, Tuomas destroi tudo ao teclado nessa hora..."She is my sin", hit eternizado na voz da primeira vocalista da banda, é interpretado com total maestria por Floor com seu canto lírico e potência vocal que preenche todo o ambiente. Não preciso dizer que a esse ponto o público atinge um estado de euforia coletiva. E estamos à recem na quarta música apresentada, a noite promete!
O início do show não conta com a presença de Troy Donockley no palco. O músico se une à banda para interpretar "My Walden", proporcionando mais um dos momentos belos do show ao tocar uma gaita de fole. Pensando bem se fosse enumerar todos os pontos altos do show, sei lá...Seriam muitos a serem citados, seriam todos. Não estou exagerando, quem viu a performance do sexteto, sabe que não estou sendo piegas.
"Élan", primeiro single do álbum homônimo da tour que a banda apresenta, fez a plateia cantar, pular e dançar efusivamente. Aliás esse novo álbum é o mais alegre da banda. Ele transmite o momento atual da mesma. Como é de domínio público Tuomas Holopainen meio que compõe músicas autobiográficas que mostram exatamente o seu estado de espírito, o estado de espírito da banda, vide o álbum que precedeu a saída de Tarja Turunen da banda. Então bem coerente esse clima mais alegre do EFMB, como lí esses dias numa resenha e concordo, a banda está totalmente revigorada. Ao mesmo tempo a banda está com uma pegada mais pesada, a versatilidade vocal de Floor se adequa mais à banda nesse ponto. Ela é tão flexível quanto a música do Nightwish é, e pretende ser.
Hoje em dia os elementos de folk metal estão mais distintos também na banda, a entrada de Troy também favorece isso. Não posso deixar de citar que as músicas do
"Endless Forms Most Beautiful" funcionam melhor ao vivo.
Outro ponto que não pode deixar de ser citado, foi quando a Floor mostra toda a sua ecleticidade e versatilidade vocal quando interpreta "Stargazers" e na sequência um dos maiores hits da banda finlandesa, "Sleeping Sun". A cantora nesse momento mostra todo o seu talento. Mostra o porquê de ter sido escolhida para ser a voz do grupo. Ela transita entre o seu tom natural e o vocal lírico com uma naturalidade ímpar, chegando até arriscar um gutural. A camaleoa Floor mostrou ao que veio, e a vendo no palco dá para pensar que este lugar sempre a pertenceu.
Os presentes cantaram praticamente todas as músicas executadas. A banda, num período de quase duas horas apresentou um show impecável com um setlist repleto de hits de todas as fases do Nightwish, mas priorizando o álbum mais recente.
Marco fica sozinho no palco e brinca com o público antes de cantar "The Islander".Todos cantam. Emocionante! Na minha opinião, e posso me intitular como uma grande conhecedora da banda, o Nightwish está no seu auge, depois de alguns períodos, digamos, instáveis e conturbados a banda voltou a se reencontrar. E concordo com uma resenha do álbum novo -a banda está totalmente revigorada. A satisfação dos músicos é visível. E o público a cada música que inicia, a cada música que termina retribui efusivamente com palmas, gritos e lágrimas a performance do grupo.
Confesso que quando iniciou "I Want My Tears Back" dividi minha atenção entre Floor e sua gigantesca voz e Troy e seus instrumentos de sopro pra lá de característicos. O Nightwish tem uma carateristica que, acredito eu, toda banda queira ter. Eles são um grupo, cada um tem a sua própria luz e o segredo do seu sucesso é exatamente a união do grupo, quando se juntam a mágica surge, são imbatíveis.
A banda brincava entre si, brincava com o público, fazia piadas, comentários. Era visivel, como já falei, a satisfação dos integrantes da banda no palco. Talvez até satisfeitos com os frutos que estão colhendo com casas de shows e estádios repletos de fãs.
Mais para o fim do show...
Uma surpresa, em pleno show acontece um flash mob. O fã-clube do Nightwish contou com a colaboração do público para fazer um flash mob e assim surpreender os integrantes da banda.
Durante a fila de entrada foram distribuidos pequenos cartazes com a frase "We were here", referência à uma frase de "The Greatest Show On Earth". E quando a música foi tocada surgiu diante da banda os inúmeros cartazes com a frase. Foi muito bonito de se ver. E querendo agradar ainda mais o público fiel, os finlandeses ainda tocaram "Stargazes", uma de suas músicas mais antigas, do segundo álbum da banda.
A faixa-título do novo álbum não foi executada, mas sinceramente, não vejo o porque desse tipo de indagação que alguns veículos vem fazendo. Para mim, talvez a música não tenha funcionado como o esperado, e assim a banda tem usado outras faixas do EFMB que cairam no gosto popular.
A banda já havia se apresentado em Porto Alegre com Floor nos vocais. Na ocasião a cantora holandesa havia assumido, há poucos meses, o lugar de Anette Olzon. Percebe-se nitidamente mais segurança nela. Segurança em se apropriar, entre aspas, no sentido de cantar músicas interpretadas pelas duas vocalistas que a antecederam. O termo fã se adequa perfeitamente aos fãs da banda, no sentido literal oriundo do fanatismo. (Risos) Nesse grupo, confesso que cheguei a fazer parte, mas com o tempo amadureci. E hoje em dia sei ver os pontos positivos que cada fase teve e tem.
Abre parênteses, quero deixar bem claro que não quis dizer que a vocalista era insegura ou qualquer coisa do tipo. Floor, como todos sabem, antes do Nightwish já brilhava no After Forever e na Revamp. Juro que durante todo show não lembrei da Tarja Turunen, juro que não lembrei da Anette Olzon.
A afinação de Floor é absurda, a extensão vocal idem. Presença de palco, beleza, enfim Floor é completa. Assistindo esse show constatei que a escolha da cantora holandesa foi mais do que acertada e, sem dúvida, definitiva. O líder da banda sabe muito bem o que faz.
Falando em Tuomas...ele é um dos melhores tecladista que já ví. Seus arranjos elaboradíssimos, tem identidade própria. É a alma do Nightwish. Bastam pouco acordes e já se sabe, isso é Nightwish, tamanha personalidade que ele coloca nas suas músicas, nos seus arranjos. Marcos Hietala também, o músico agrega a função de baixista e vocalista juntamente com Floor.
Tinha momentos do show que eu não sabia se observava Tuomas, ou a Floor, ou Marco ou Emppu, que passou o show jogando paletas para os enlouquecidos fãs da banda, que nesses momentos ficavam mais enlouquecidos ainda, querendo levar uma lembrança do exímio músico para casa.
E Kai, que está substituindo brilhantemente Jukka por motivos de saúde, destrói tudo no comando das baquetas.
É bem como já disse...um depende do outro, juntos são o Nightwish, único.
Floor, assim como os outros membros da banda eram só sorrisos, contrariando a premissa de que os europeus são frios e blá-blá- blá. Diante de uma plateia como a que prestigiou a banda na última terça em Porto Alegre era impossível ser.
A banda continua amanhã a tour pela américa do sul, com shows na Argentina, Chile, Peru, Equador e Colômbia.
Fotos: Sônia Butelli
Agradecimentos à Abstratti Produtora pela organização, impecável, do evento.
Leia matéria no Whiplash.Net (com mais fotos)