segunda-feira, 16 de setembro de 2019

O SILÊNCIO DO MUNDO, dia 19, no Theatro São Pedro

Sendo uma das residências do festival, encontro com Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Levi Yanomami e Andreia Duarte discute sobre meio ambiente e o futuro da humanidade.


Crédito: Acervo Pessoal Andreia Duarte

Com o objetivo de aprofundar  estudos e discussões sobre as origens indígenas brasileiras, pensar e (re)conhecer o nosso país e o nosso povo a partir de outras perspectivas, o 26º Porto Alegre em Cena concretiza a primeira etapa deste projeto em parceria com o SESC-RS, que abarca grandes nomes, como Ailton Krenak, ambientalista e líder indígena; Davi Kopenawa, xamã e embaixador indígena; Levi Yanomami, xamã; e Andreia Duarte, performer.


A criação se organiza em quatro etapas principais: um primeiro encontro da equipe criadora na terra indígena Yanomami; seguido de duas residências coletivas e apresentação. O momento inicial pretende o alinhamento da pesquisa artística; para depois, aprofundar em uma linha dramatúrgica e performática. A ideia visa um diálogo aberto com o público, por meio de ensaio aberto e apresentação final.

A pesquisa parte da percepção da natureza em sua mais complexa existência, tendo como guia reflexões acerca do que nos é invisível, como as luzes que possibilitam a fotossíntese, os sons surdos do mundo e o respiro da floresta que devolve ao ar o oxigênio. Num plano ainda mais abrangente, a residência busca refletir sobre a relação do planeta com o universo, sua subsistência como um corpo celeste inserido em algo muito maior, como se dá esta conexão e até quando será possível manter viva a dança entre o céu e a terra.

Como forma de continuidade de uma longa investigação sobre teatro e os povos indígenas, o projeto “O silêncio do mundo” lança o desafio de realizar um experimento cênico que une o líder indígena Ailton Krenak e a artista performer Andreia Duarte. Ainda, os dois convidam o líder indígena Davi Kopenawa e o xamã Levi Yanomami para adentrar e potencializar a criação. A ideia visa uma autoria artística horizontalizada, que pretende uma produção colaborativa e processual.

O princípio da pesquisa está na percepção da natureza em sua existência complexa. A terra sobre nossos pés é um lugar imerso em vidas que solicita “pisadas leves”. Reciprocidade de um mundo que se comunica. O que nos é invisível? As luzes da fotossíntese, os sons do universo, o respiro da floresta. Há uma pergunta: com o que estamos nos conectando?

O mito anuncia a tragédia: sobre nossas cabeças há um mundo invertido, que sustentado sobre dois grandes pilares tende a desabar. Montanhas escavadas, prédios sobre prédios, rios envenenados, agrotóxicos, a ausência do ar. O corpo doente pelas fumaças de epidemias que nós criamos, que nos enchem de orgulho, de silêncio, de escassez e câncer. Até quando poderemos dançar para segurar o céu?


Ailton Krenak é um dos maiores líderes políticos e intelectuais surgidos durante o grande despertar dos povos indígenas no Brasil, ocorrido a partir do final dos anos 1970. A sua atuação tem sido fundamental para a luta pelos direitos indígenas e a criação de iniciativas como a União das Nações Indígenas e a Aliança dos Povos da Floresta. Ailton é um pensador acurado e original das relações entre as culturas ameríndias e a sociedade brasileira, criando reflexões provocativas e de largo alcance. Co-curador do TePI – Teatro e os povos indígenas, mostra que atualizam a potência das linguagens do teatro e do aproximar “o sentir-ser indígena” e as possíveis expressões do sentido de “SER” em suas palavras.

Andreia Duarte é atriz, curadora, diretora, educadora e produtora em teatro. No campo acadêmico é doutoranda (USP/ECA) sobre o teatro e os povos indígenas em uma perspectiva descolonizadora. Morou cinco anos no Parque Indígena do Xingu com os Kamayura (2001 a 2005) e, desde então, tornou-se ativista, aprofundando essa experiência nos processos de formação, criação e pesquisa teatral. Como atriz já participou de diversos festivais no Brasil e exterior. É idealizadora e atriz do solo “Gavião de duas cabeças”, com o qual vem apresentando em movimentos sociais, realizando temporadas, Festivais no Brasil e na Europa. É coordenadora do Eixos Reflexivo e Pedagógico da MITsp e idealizadora, co-curadora da Mostra TePI – Teatro e os povos indígenas.

Convidado                                                                                
Xamã e líder político dos Yanomâmi, Davi Kopenawa (Amazonas, ca. 1956) é um incansável defensor da Floresta Amazônica e do seu povo, composto de mais de 600 comunidades entre o norte do Brasil e o sul da Venezuela. Fundador da associação Hutukara, que representa grande parte dessa etnia no território nacional, foi um dos principais responsáveis – em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92) – pelo reconhecimento da Terra Indígena Yanomâmi por parte do governo brasileiro. Sua trajetória, sua visão de mundo e suas preocupações acerca do meio ambiente são comentadas nos relatos que deu ao etnólogo Bruce Albert e que resultaram no livro A Queda do Céu, publicado no Brasil em 2015.Recebeu o prêmio ambiental Global 500 da ONU. É convidado para participar de diversos eventos dentro e fora do Brasil. Foi ganhador do Prêmio Itaú Cultural 2017 na categoria Mobilizar.

OLHARES INSTITUTO CULTURAL

A OLHARES Instituto Cultural é uma empresa que atua, desde 2010, na idealização e organização de projetos e eventos nas áreas de Cultura. Com foco no âmbito nacional e internacional, a OLHARES prima por um trabalho cuidadoso, a fim de garantir a plena realização e produção dos eventos que realiza. Busca atender as especificidades de cada projeto no sentido de potencializar o aproveitamento de convidados e participantes. Ao associar criatividade, dinamismo e competência transforma cada evento em um acontecimento singular e memorável, comprovado pelos altos índices de satisfação dos participantes.



PROJETOS REALIZADOS

Correalização do ECUM – Encontro Mundial das Artes Cênicas (2017). Correalização do Centro Internacional de Teatro ECUM – CIT ECUM – e Programação de Teatro (2013 – 2014). Correalização da Mostra Artística do Centro Internacional de Teatro ECUM – CIT ECUM (2014) Correalização do espetáculo “Irmã os Káramazov”- Cia. da Memória (2014). Correalização das edições 1ª, 2ª, 3ª, 4ª da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – MITsp. Realização da Mostra TePI – Teatro e os Povos Indígenas 2018. Realização da 5ª e 6ª. edição da Mostra Internacional de Teatro de Sã o Paulo – MITsp 2018/ 2019.


PRÊMIOS
APCA- MITsp 2014
BRAVO (BRADESCO) – MITsp 2016

Ficha técnica:

Idealização artística: Ailton Krenak e Andreia Duarte
Equipe criadora: Ailton Krenak, Andreia Duarte,
Davi Kopenawa e Levi Yanomami
Provocadores a serem convidados:
Márcio Abreu (encenação e dramaturgia),
Kenia Dias (movimento)
Equipe técnica a ser convidada:
Ambientação sonora: Alvise Camozzi
Luz: a definir
Imagens e projeções: Bruta Flor
Administração financeira: Patrícia Perez
Tradução para o inglês: João Maria Kaisen
Realização e produção: Olhares Instituto Cultural
Duração: 60 min.
Recomendação etária: 14 anos


Serviço:
Local: Theatro São Pedro
O Silêncio do Mundo
Dia 19 de setembro (quinta) às 21h

Ingressos:
Plateia e Camarote Central R$ 60 (inteira) / R$ 30 (meia-entrada)
Camarote Lateral R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia-entrada)
Galeria R$ 10 (inteira) / R$ 5 (meia-entrada)


O 26º Porto Alegre em Cena é apresentado pelo Ministério da Cidadania, através da Secretaria Especial da Cultura, Prefeitura de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal da Cultura, Braskem e Banco Itaú. Conta com patrocínio de Panvel Farmácias. Tem apoio cultural de Porto Alegre Airport, administrado pela Fraport Brasil, Theatro São Pedro, Vitlog, PUCRS e Sesc - Sistema Fecomércio. O apoio institucional é de Grupo RBS e TVE FM Cultura. Primeira Fila Produções e Leão Produções são as agentes culturais. O projeto é financiado pelo Pró-cultura RS, Governo do Estado do Rio Grande do Sul. 

Enviado por Agência Cigana

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