"Sinal Vermelho Para A Acomodação – Entrevista It’s All Red"
Escrito por Homero Pivotto Jr.
Ciente de que fazer música é uma batalha pesada – tal qual o som da banda –, os músicos da It’s All Red sempre estiveram dispostos a enfrentar os desafios que teriam pela frente. Por isso, desde o começo, em 2007, o grupo gaúcho dedica-se com seriedade para fazer um trabalho bem feiro. E, consequentemente, levar seu nome cada vez mais longe. Não à toa, já lançou três discos respeitáveis, trabalhou com produtor internacional, ganhou a admiração do público e de colegas do meio musical e abriu show de grandes artistas, como o Cavalera Conspiracy.
Agora, a It’s All Red prepara-se para um uma nova conquista: fazer as honras da casa, em Porto Alegre, para o Megadeth. O quinteto – formado atualmente por Tom Zynski (voz), Juliano Ângelo (guitarra), Rafael Siqueira (guitarra), Juliano Medina (baixo) e Renato Siqueira (bateria) – teve o aval do próprio Dave Mustaine para tocar antes da atração principal em 16 de agosto, às 20h, no Pepsi on Stage.
Na entrevista a seguir, o guitarrista Rafael Siqueira fala sobre os feitos do conjunto, analisa o passado e conta a quantas andam os preparativos para dividir o palco com os ídolos.
A It’s All Red tem quase 10 anos de estrada. Desde o começo o objetivo era ter uma proposta séria – discos gravados com qualidade, boas performances e dedicação – ou essa pegada mais profissional surgiu com o passar do tempo?
Rafael Siqueira – Quando tudo começou, já éramos músicos há muito tempo. Então, sabíamos exatamente como queríamos levar a banda. O fato de eu ser produtor musical me fez sempre puxar o máximo possível da qualidade em nossas gravações, para ser pesado, mas sem perder a clareza de todos os instrumentos.
A banda tem três discos lançados: Vicious Words from the Heart (2007), The Natural Process of…(2010) eLead by the Blind (2015). Como vocês avaliam cada um musicalmente?
Rafael Siqueira – Acredito que cada disco foi uma evolução de seu antecessor. Todos nós sempre tivemos a cabeça muito aberta, sempre procuramos não nos limitar musicalmente, e isso interfere diretamente na nossa forma de compor. O Vicious Words from the Heart é um álbum mais cru, quase hardcore. Totalmente diferente do The Natural Process of…, que tem muitas notas para todos os lados e é muito polido. Já o Lead by the Blind, creio, seja o equilíbrio disso tudo. Foi um avanço natural.
lgum desses trabalhos tem um apelo emocional maior entre os integrantes? Por quê?
Rafael Siqueira – Todos , mas o Lead by the Blind foi o álbum no qual tivemos muitos problemas externos que acabaram atrasando a gravação. Foi difícil, muitas noites sem dormir e muito trabalho para fazer em pouco tempo, mas todos deram o melhor de si e temos muito orgulho desse registro.
Vocês já trabalharam com profissionais internacionais, como o engenheiro de som Alan Douches, que masterizou o segundo álbum. Como rolou esse contato?
Rafael Siqueira – Como eu trabalho com produção musical, sempre admirei os trabalhos do Allan. Ele é um engenheiro que já masterizou de Motorhead a Cannibal Corpse, passando por artistas como Gwen Stacy e bandas mais modernas, como The Agonist. Sempre quis um som pesado, mas com muita definição. Então, não tive dúvidas na hora de escolher um engenheiro para masterizar nosso trabalho.
Entrei em contato com o cara por meio do site do estúdio dele, enviei o material e ele fez um trabalho sensacional. Sem contar que é bem gente fina. Bom salientar que o Lead by the Blind foi masterizado pelo Tiago Suminsky, que fez um serviço que não deixou nada a desejar para os feitos no exterior. Ele é um cara muito dedicado e que entende muito de som.
O trampo mais recente, Lead by the Blind, foi gravado POA mesmo? E a produção, foi feita por quem?
Rafael Siqueira – Esse registro teve muitas mãos. Eu produzi o disco, como sempre fiz. Porém, tivemos, na pré-produção, nosso ex-guitarrista Luis Volkweis ajudando em alguns arranjos e, ainda, a produção vocal do Iuri Sanson (Hibria), que fez um excelente trabalho. Na verdade, produzir o disco é algo que toda banda faz junto, todo mundo contribui. Eu acabo assinando a produção porque alguém tem que “segurar o volante” nessa hora, por ter mais experiência na área. A gravação também: o Tiago Suminsky gravou a parte de baterias e eu todo o resto.
Durante essa quase uma década, houve algumas mudanças na formação. Isso influiu no direcionamento musical da It’s All Red? Caso sim, como?
Rafael Siqueira – Com certeza influenciou, pois cada um trás um pouco da sua personalidade musical. O Juliano Ângelo é um guitarrista muito melódico, assim como o Tom é o vocalista mais completo que já tivemos a sorte de trabalhar. Isso acaba influenciando muito nos arranjos, amplia nosso leque de opções.
É uma realidade comum músicos terem outras atividades profissionais para se sustentar. Acredito que seja o caso dos integrantes da It’s All Red. Como dividir o tempo entre a banda, outros trabalhos e a vida social ou de família?
Rafael Siqueira – O It’s All Red, para todos nós, é encarado como um trabalho. Por isso, temos sempre algumas horas do dia para nos dedicar, seja em estúdio ou trabalhando em algum outro assunto relacionado à banda. Tudo é uma questão de jogo de cintura e muita disciplina. (risos)
Vocês consideram a possibilidade de sair de Porto Alegre, ou até mesmo do Brasil, para batalhar pelo nome da banda?
Rafael Siqueira – Não sei se sair em definitivo, mas, sem dúvida, dar uma circulada pelo mundo está nos nossos planos. Temos material rodando em muitos países e espero que isso aconteça logo.
A It’s All Red é um grupo entrosado. Como manter o pique para que os shows sejam bem executados? Entre os membros, há um consenso sobre o que é mais importante ao vivo: técnica ou garra?
Rafael Siqueira – Ensaiamos muito! Estamos fazendo dois ensaios por semana e pretendemos ampliar para três. Na verdade, acho que quando se está bem ensaiado a técnica vai no “automático”, aí podemos nos preocupar com a performance. As pessoas vão ao show para ver um SHOW, não músicos parados tocando seus instrumentos. Então, o lance é ensaiar, ensaiar e ensaiar.
O som da It’s All Red pende para um thrash mais contemporâneo, com composições bem construídas. Todos os músicos concordam que as composições sigam essa linha ou alguns preferem mais velocidade e outros mais melodia? Como equalizar isso?
Rafael Siqueira – Temos um consenso em não nos limitarmos nas composições, no sentido de, se a música pede algo muito rápido, iremos fazer sem problemas. Assim como se pede algo mais melódico, também faremos. Tentamos ser rápidos e melódicos, mas, às vezes, é difícil. hehehe.
Vocês regravaram ‘Only’, da fase mais “grunge” do Anthrax, um dos quatro ícones do seleto Big Four do thrash metal. Por que escolheram essa faixa? Sabem se a banda ouviu a releitura de vocês? Caso sim, o que eles acharam?
Rafael Siqueira – Escolhemos essa faixa porque, antes de qualquer coisa, ela é uma GRANDE música. Nossa gravadora (Secret Service Records, da Inglaterra) pediu um cover para lançar de bonus track na edição digipack do The Natural Process of.., e logo pensamos que seria muito óbvio regravar um clássico do metal. Afinal, sempre gostamos de pensar fora da caixa, sair da zona de conforto. Estávamos com várias opções de cover, até que apareceu esse som que caiu como uma luva. Se eles chegaram a ouvir, eu realmente não sei dizer. E, se escutaram, devem ter gostado, pois até agora não reclamaram!
Falando em Big Four… Agora, a It’s All Red vai tocar com uma das bandas desse time. O que isso significa pra vocês? O show terá algum atrativo especial ou novidade para a ocasião?
Rafael Siqueira – Para nós é uma responsabilidade e uma honra muito grande dividir o palco com o Megadeth. Todos somos fãs da banda desde sempre. Pra mim, foi emocionante saber que fomos escolhidos pelo próprio Dave Mustaine, pois isso é reflexo de toda seriedade e dedicação que temos com o It’s All Red. Fizemos um setlist especial para o show, e estamos desde já ensaiando muito para dar ao público o melhor show que ele poderia ter. Stay Red! \m/
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