segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ancesttral: banda comenta o Metal Open Air

O vocalista e guitarrista Alexandre Grunheidt, da banda Ancesttral, publicou um texto sobre os acontecimentos do Metal Open Air. Confira na íntegra:

“Vamos lá… Minha última e definitiva opinião a respeito do M:O:A!

Faz tempo que ouço nos bastidores do Metal Nacional: “Não saio de casa se não tiver com tudo preto no branco e X Reais no meu bolso”. Pedem transporte específico, backline específico, hospedagem pra 1000 pessoas e um cachê que parece piada.

Há um ano e meio estamos vendo uma movimentação na Cena (especificamente depois da diarréia pública protagonizada por Edu Falaschi depois daquele evento extremamente mal organizado para celebrar o tal “Dia do Metal Nacional”) e muitos tem falado de UNIÃO.
Sabem mesmo o que é UNIÃO? União era o que acontecia entre Brainwash, Apoleon e IML em 1993 quando tocávamos no Dynamo. Era o que acontecia entre o Brainwash e o Scars na Casa de Cultura do Ipiranga na mesma época. Era o que rolava entre as bandas Acid Storm, Skullkrusher, Pentacrostic, Critical Mass e Necromancia na década de 90. E é o que acontece entre Ancesttral, Chaosfear, Woslom, Fates Prophecy, Threat, Trayce, Command6, Project46, Goatlove, Genocídio e outras bandas “menores” do nosso meio quando tocamos no Blackmore Rock Bar.

União é dividir palco, equipamento, espaço, participar do disco do outro, do show do outro, ser roadie um do outro e, principalmente, PUXAR PARA CIMA AQUELES QUE ESTÃO COMEÇANDO E QUEREM MOSTRAR O TRABALHO!

Não existe UNIÃO no Metal Nacional hoje! Parem com essa porra! Se quem está lá no topo não ajudar as bandas menores, esse papo de união será sempre uma utopia ou desculpa pra aparecer em revista!

Enquanto bandas com vergonha na cara e, principalmente, PROFISSIONALISMO AO EXTREMO, cancelavam suas participações por falta de pagamento ou de passagens, outras mostravam que, em seu mundo de Alice, tudo estava azul e esfregavam na cara das outras as coisas que elas estavam perdendo!

Se realmente houvesse união na cena, NENHUMA banda sem cachê pago ou as passagens emitidas deveria ter ido a São Luiz. Não é isso que exigem de pequenos produtores do interior? Por que com a Negri Concerts foi diferente?

Apesar de louvável a atitude dos meus amigos do Korzus, de terem feito o show para as pessoas que lá estavam, terem tocado com uma puta raça e, quem sabe, terem evitado que o pior acontecesse, quem sabe agora eles tenha aberto um precedente para um outro promotor qualquer dizer “Vocês tocaram aquele dia pelo público! Toquem pelo público aqui na minha cidade também?”.

O público merece RESPEITO! Mas não é dever de nenhuma banda tentar salvar a pátria de promotor picareta! As bandas que tocaram “pelo público” em São Luiz, desvalorizaram as que foram profissionais em não aceitar mergulhar no escuro e ir para aquela barca furada, sem saber se teriam passagens para voltar pra casa.

Já pensaram a força que o Metal Nacional teria caso Shaman, Almah, Korzus e outras bandas Brazucas tivessem sido solidárias ao Hangar e terem batido o pé dizendo: “NOS RESPEITE, FILHOS DA PUTA! EU NÃO VOU TRABALHAR DE GRAÇA PRA VOCÊ! SE VOCÊ NÃO ME PAGAR E NÃO GARANTIR MINHAS PASSAGENS DE VOLTA, EU NÃO SUBO NO PALCO E VOCÊ VAI TER QUE SE VIRAR COM A MASSA, QUE VAI QUERER TE MATAR! E AÍ? VAI PAGAR OU NÃO VAI?”.

Meu pai sempre me disse que “tem gente que só aprende na porrada”. Produtores como os que inventaram esse festival são este tipo de gente. Só vão aprender se meterem esses caras em cana… E podem ter certeza que eles terão muito mais do que um pequeno arranhão na testa pra colocar no Twitter e chamar de “agressão”.

Se as maiores bandas de Metal da atualidade deixaram que cuspissem em suas caras e eles tocaram mesmo sem que nada do que tinha sido combinado fosse cumprido, o que vocês acham que vai acontecer conosco, as menores? Vamos ter que pagar para tocar?

O público não engole mais demagogia, blá, blá, blá e esse papinho de união, dia do Metal Nacional, etc, principalmente porque quem prega, não cumpre.

Eu não vivo dessa merda e para mim chega de hipocrisia e demagogia com esse papinho de “Cena”, “Metal Nacional”, “União”, etc, e falo em nome da minha banda, o Ancesttral, e em nome de várias outras que estão ralando pra caralho por puro tesão.

A “Cena” não paga nossas contas. A banda nos toma muito mais dinheiro do que dá, por isso não temos o rabo preso com ninguém! Tudo o que temos na vida foi conquistado com nosso trabalho longe da banda e, caso um dia cheguemos à conclusão que o Ancesttral é muito mais um transtorno do que um prazer, a banda acaba e a vida seguirá igual.

Fazemos os que fazemos POR NÓS MESMOS! A existência de fãs é consequência do prazer que temos em compor nossa música e ela ser aceita pelas pessoas é um presente pelo qual somos e seremos eternamente gratos.

Mas não caiam na conversa de que as bandas de metal fazem as coisas pelos fãs, porque seu eu der uma conta de luz pra algum fã do Ancesttral pagar ele vai me mandar tomar no cu!

Perguntem para o Shaman, Almah, Dark Avenger, Korzus, Torture Squad ou qualquer outra banda que foi (ou não foi) até o M:O:A “Quanto custa o show de vocês?” e vc terá um valor. E ISSO É O CERTO, PORRA!!!

Ninguém vai te responder “Ah, cara! Eu faço pelo público… Não esquenta!”, ou quem sabe “Paga a minha gasolina, 3 latinhas de cerveja e um misto quente e tá certo!”. Definitivamente isso não vai acontecer…
PROFISSIONAIS FAZEM AS COISAS POR DINHEIRO! E essa tal “cena” só vai crescer quando as pessoas envolvidas perceberem que isso aqui não é brincadeira de gente com ego inflado, querendo aparecer!

Sobre a “Organização” espero que todos paguem na justiça e que parem de brincar de “empresários do entretenimento”.

HOMEM QUE É HOMEM ASSUME AS CAGADAS QUE FAZ! A única atitude que me faria respeitar e ter pena dos “organizadores” deste festival seria se ambos chamassem uma coletiva de imprensa, reconhecerem juntos que deram um passo maior que a perna, pedirem desculpas, devolverem o dinheiro do povo e tentar mais uma vez, só que com os pés no chão.

A Lamparina não é nem mais e nem menos inocente ou culpada que a Negri Concerts. É uma responsabilidade CONJUNTA e que deve ser compartilhada. Na visão da Negri Concerts e seus funcionários a coisa é assim: Se desse certo, EU GANHARIA. Como deu errado, ELES PERDERAM!

Em nota, disseram que tentaram de alguma forma fazer com que o festival continuasse, como se fosse um “quebra galho” ou os “heróis”. A Negri Concerts e a Lamparina Produções são PARCEIROS! E como tal, são responsáveis por tudo. Na alegria ou na tristeza!

Se deu tudo errado e estão ameaçados de ir pra cadeia, eu uso das palavras do próprio proprietário da Negri Concerts: “CHUPEM E VÃO TODOS SE FUDER!”

Pensem nisso!”

Foto:Lailson Santos

ENVIADO POR METAL MEDIA









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