segunda-feira, 16 de maio de 2011

Review: Andre Matos e Tierramystica no Opinião [ROCKBOX]

Andre Matos e Tierramystica - 8 de maio de 2011 – Opinião

Por Murilo Bittencourt
Fotos: Liny Rocks


Em comemoração aos 20 anos da Loja Zeppelin, o empreendedor Alexandre “Thyziu” Nascimento, em parceria com o Arena Heavy, trouxe novamente a Porto Alegre um ícone do metal nacional: Andre Matos, lançando o álbum “Mentalize” na capital gaúcha. O espetáculo contou ainda com uma das bandas que mais crescem na cena atual: a Tierramystica.
A banda selecionada para a abertura foi a Phornax, composta por Cristiano Poschi (vocal), Thiago Prandini (guitarra), Maurício Dariva (bateria) e Ederson Prado (baixo).
O show do quarteto durou pouco, mas já demarcou território no Opinião, com composições que primam por uma linha mais tradicional de heavy metal. “Silent War”, música que dará nome ao EP a ser lançado em breve, foi uma das presentes no curto set da banda que promete cada vez mais se inserir na cena gaúcha.



Em seguida a Tierramystica subiu ao palco sob o som da introdução “Nueva Castilla”. Um de cada vez, recebendo os aplausos do público, Alexandre Tellini (guitarra), Fabiano Muller (guitarra), Rafael Martinelli (baixo), Luciano Thumé (teclado), Ricardo Durán (vocal e charango) e Duca Gomes (bateria) tomaram seus postos para iniciar “New Eldorado”, até que Guilherme Antonioli (vocais) completasse o time.
A recepção, desde a introdução até o final de New Eldorado, foi típica de uma banda com muitos anos de carreira. Apesar do público reduzido nesta noite, aqueles que compareceram mostraram-se reais admiradores do trabalho do Tierramystica, que tem apenas um álbum lançado (“A New Horizon”, 2010).
“Celebration to the Sun”, com o começo veloz, colocou o público para bater cabeça. Nas partes lentas e enriquecidas com instrumentos de sopro característicos da cultura andina, a plateia acompanhou com palmas, mostrando, não só nesta canção, conhecimento e admiração pelo trabalho da Tierramystica.



O sempre técnico Alexandre Tellini manteve a precisão em todos os solos; Duca Gomes, no primeiro solo de bateria da noite, foi sucinto, direto e soube ainda mexer com os fãs. Gui Antonioli, além dos desempenhos vocais cada vez melhores, ainda tem o carisma necessário para o contato com os fãs.
Uma versão de “Fear of The Dark” (Iron Maiden), bem ao estilo do Tierramystica, conquistou de uma vez por todas o público que se concentrava no “gargarejo”, acompanhando o show de muito perto.
Com “Spiritual Song”, a banda encerrou o show de pouco mais de uma hora obtendo sucesso em mais um passo de sua promissora carreira.



Após o show, ainda sobravam energias para atender os fãs e aproximar-se daqueles que têm mantido a banda entre as mais comentadas do metal gaúcho.
Andre Matos abriu o show com “Leading On”, música que dá início ao seu segundo álbum em carreira solo, “Mentalize”. A repercussão pode ter sido satisfatória, mas deveu-se muito mais à presença do cantor em um primeiro momento do que ao impacto causado pela composição em si.
“Mentalize” foi um disco com receptividade bem inferior a trabalhos anteriores de Andre Matos (com banda ou solo) e neste início de show certa frieza já se fez presente, quando o set list teve sequencia com “I Will Return” e “Mentalize”, que foram separadas por “Rio”, do álbum anterior, esta fazendo com que mais fãs cantassem junto do que as outras três.
“Fairy Tale”, balada de sucesso do primeiro álbum do Shaman, foi uma ótima escolha para o set list. Um clichê, mas um clichê que funciona muito bem ao vivo. Se a ideia era emocionar e chamar o público para participar do show, o objetivo foi atingido com sucesso.
A banda retirou-se do palco por instantes e Zazá Hernandez exibiu um bocado de técnica na guitarra, mexendo com a plateia. Hugo Mariutti (agora de cabelos curtos) uniu-se a ele e ambos foram acompanhados pelo restante dos músicos até o início de “How Long (Unleashed Away)”.
O esquecido “Reason”, segundo álbum do Shaman, teve sua faixa título executada. Com certeza, os admiradores da obra de Andre Matos apreciaram uma escolha inusitada como esta.
Foi assim também com “Prelude to Oblivion”, do Viper (primeira banda de Andre Matos, ainda na adolescência), que surpreendeu inclusive por “tomar o lugar” do maior clássico do grupo, “Living For the Night”, que ficou de fora desta vez.
Eloy Casagrande também teve seu momento: em um solo longo (como a maioria dos solos de bateria não deveria ser), o jovem baterista interagiu com o público e conseguiu, ainda que parecesse impossível, mostrar evolução no instrumento.



Com “Lisbon” Andre reaviva a memória dos fãs do Angra antigo, fazendo-nos relembrar dos áureos momentos que fizeram dos cinco membros originais alguns dos maiores músicos de metal do país e do mundo.
A música mal acabou e centenas já pediam por “Carry On”. O maior clássico da carreira de Andre foi um pedido concedido, mas antes disso “Holy Land” também foi incluída no set e muito bem recebida. Neste momento foi possível relembrar também o talento que Andre e companhia tinham para misturar ritmos brasileiros com música pesada.
Outra novidade no set foi uma referência a “Another One Bites the Dust” do Queen. Enquanto a banda versionava o clássico, Andre apresentava músico por músico, intercalando as falas com os refrões cantados. Algo que chamou a atenção foi o momento em que o vocalista apresentou, de modo divertido, seu novo “tecladista”:
“Ele não pode vir aqui… Está ali atrás… É um chinês, bem pequeninho! MR. ACER!”, disse, descrevendo o notebook que, sem exagero algum, está substituindo Fábio Ribeiro (ex-tecladista do Shaman e da carreira solo de Andre Matos).
Ao final do show, “Endeavour”, a última faixa do álbum “Time to be Free” deixou bastante a desejar. O som do microfone de Andre parecia muito mais baixo do que durante o decorrer do show e a riqueza de efeitos e execução que a canção traz em estúdio não foi reproduzida fielmente.



Quem é fã de Andre Matos e acompanha a carreira do cantor (e as vindas dele à capital gaúcha) há anos, sabe que este esteve longe de ser o melhor show já realizado aqui no Sul. Ainda assim, a quantidade de sucessos no set list e a simples presença de um dos pioneiros no estilo no Brasil já tornam o espetáculo válido.
Quanto à organização da Loja Zeppelin, mais uma vez, só nos resta parabenizar e desejar ainda mais sucesso. Ano após ano, Alexandre Nascimento, em nome da Zeppelin, presta seu apoio ao metal nacional em condições cada vez melhores, tanto para músicos quanto para fãs. Que as coisas não terminem por aí!

SET LISTS:

TIERRAMYSTICA:
Nueva Castilla
New Eldorado
Celebration to the Sun
Fear of the Dark (Iron Maiden cover)
Winds Of Hope
Solo de bateria
Golden Courtyard
Spiritual Song

ANDRE MATOS:
Leading On
I Will Return
Rio
Mentalize
Fairy Tale
Solo de guitarra
How Long (Unleashed Away)
Reason
Solo de bateria
The Myriad
Prelude to Oblivion
Lisbon
Encore:
Holy Land
Carry On
Another One Bites The Dust (Queen cover)
Endeavour

Fonte: ROCKBOX

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