VII Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre
São diversos os motivos visuais do cartaz criado para a sétima edição do Fantaspoa.
O primeiro (tema-chave) envolve a idéia de uma mulher fazendo amor com o cinema — ou, mais precisamente, com o ícone primário da sétima arte: a película cinematográfica. Embora tenha sido a guia de todo o projeto visual, esse tema foi explorado de maneira comedida, buscando a sutileza e evitando a deselegância do explícito.
O segundo motivo aproxima com maior veemência a arte do cartaz ao imaginário fantástico mais audacioso e extravagante, trazendo um tema caro à ficção fantástica de todos os tempos: a metamorfose. O tentáculo foi escolhido por sugerir um movimento fluido, até mesmo voluptuoso, estando assim de acordo com a sensualidade proposta à figura feminina do cartaz, enquanto denota ainda uma certa bizarria, um toque de legítimo horror sobrenatural. É válido notar que através dessa escolha engendra-se também uma ligeira homenagem à ficção de H.P. Lovecraft, e que temos portanto uma espécie cinéfila de Lady Cthulhu como modelo para a arte do Fantaspoa 2011.
O terceiro motivo é a violência. Adotada no cartaz sobretudo como recurso gráfico e não como conceito significativo, a violência, não obstante, tem grande valor conceitual, posto se tratar de uma das mais constantes e potentes expressões (e também uma das maiores atrações) do cinema de gênero. No cartaz, contudo, a violência não se limita aos seus aspectos mundanos, sendo ela também um componente de imagética fantástica — a mutilação da anatomia da personagem não corrompe a integridade de sua pose e de seu movimento.
O quarto motivo (que se manifesta através do conjunto de todos os demais) envolve a idéia do sadomasoquismo, em referência à relação entre os filmes de horror e os seus espectadores, que tanto apreciam experimentar a tensão e o medo, e que encontram prazer em encarar demônios e mortos-vivos, e testemunhar toda espécie de mortes e assassinatos exóticos.
Como a maioria desses motivos é voltada ao horror, eles foram arranjados em torno da beleza do nu feminino, que, dominando a imagem e sendo radicalmente contrastante com qualquer visual horrorífico, impede que o cartaz enfatize exageradamente um único gênero. Ademais, o nu feminino, por sua conotação erótica, resguarda a arte do cartaz da infantilidade que, por tantas vezes, é erroneamente vinculada ao todo do gênero fantástico; e também, sendo talvez a mais clássica matéria das artes plásticas, procura refletir no projeto gráfico algo desse caráter clássico, no qual a ficção fantástica, como um todo, tão bem se ajusta.
Vasco Py Siegmann
(concepção, produção e arte-final do cartaz)
O diretor homenageado Lamberto Bava, que estará presente ao evento, deixou seu recado, veja a seguir:
Serviço:
VII FANTASPOA
Quando: 01 a 17 de julho de 2011
Mais informações: http://www.fantaspoa.com/
Enviado por FANTASPOA
nossa que temáticas doidas!!muito legal!!principalmente essa da mulher fazendo amor com o cinema, que idéia doida!!rsrs
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