Max Cavalera é o músico brasileiro de heavy metal mais conhecido no mundo. O guitarrista e vocalista começou a carreira no Sepultura, uma das bandas mais importantes do mundo, tocando ao lado do irmão baterista, Iggor (na época com apenas um “g” em seu nome). Brigou com os outros integrantes, inclusive com Iggor, saiu da banda. Formou o Soufly em 1997, com quem lançou sete álbuns de estúdio. Omen, o mais recente, saiu no final do ano passado.
Em 2007, os dois irmãos fizeram as pazes e montaram o Cavalera Conspiracy, inicialmente idealizado como um projeto paralelo. O primeiro disco, Inflikted, chamou a atenção da crítica pela ótima mistura de peso e melodias. Além da dupla, o álbum contava com o francês Joe Duplantier, da influente banda Gojira, no baixo, e com o talentoso guitarrista Marc Rizzo.
Agora, com o grupo levemente reformulado (Duplantier foi substituído por Johny Chow), os irmãos Cavalera lançam Blunt Force Trauma.
ÉPOCA – O que os fãs podem esperar do novo disco do Cavalera Conspiracy?
Max Cavalera – Mais pesado, mais parecido com uma banda mesmo, menos cara de projeto. Essa mudança foi uma coisa que aconteceu naturalmente. Eu e o Iggor estamos curtindo o lance do Cavalera virar uma banda mesmo. O novo disco superou o primeiro em agressividade e brutalidade, foi um passo à frente. O primeiro, Inflikted, foi um disco que eu também gostei, foi bem recebido pela imprensa e pelos fãs, mas era hora de fazer uma coisa nova. É mais um álbum de irmãos tocando junto, fazendo esse metal violento e ainda mais agressivo.
ÉPOCA – O primeiro disco do Cavalera Conspiracy era extremamente pesado, mas tinha passagens mais melódicas e com groove. O novo disco vai seguir essa mesma linha?
Max Cavalera – Gravamos duas partes. A primeira é de músicas rápidas, algo meio Reign in Blood, do Slayer. Elas entram e saem do CD, como um chute na cara que você nem sabe de onde veio. A outra parte é mais groove, são músicas mais maneiras. Misturando as rápidas com as groove acabou fazendo um CD muito bom. Não é só rápido, mas também não é só groove. Tem um pouco dos dois essa mistura.
ÉPOCA – Por que o baixista Joe Duplantier, que gravou com vocês o primeiro disco, não está mais na banda?
Max Cavalera – Ele voltou para o Gojira. Ele fez uma participação especial tocando baixo no Cavalera. Gravamos, porque ele é guitarrista e vocalista no Gojira. Resolvemos gravar o novo disco com a banda que saiu em turnê. O Johny Chow é o baixista oficial do Cavalera Conspiracy.
ÉPOCA – Ouvi dizer que você assistia a quatro filmes regularmente enquanto gravava o primeiro disco do Cavalera Conspiracy. É verdade? Era uma espécie de busca por novas influências? Você chegou a fazer algo parecido durante a gravação desse novo disco?
Max Cavalera – Eu estava assistindo muito a esses filmes. Foi uma busca de novas influências par letras, assuntos para o CD... Dá para perceber essa influência em músicas como Heart of darkness. Assisti também a um documentário que mostra o making-of do filme Apocalypse Now. Gosto muito de documentários. No novo disco tem coisas como Rasputin e Genghis Khan, que eu peguei em livros de história e filmes, como Mongol, um filme russo que conta a hsitória do Genghis Khan..
ÉPOCA – Lembro de ter lido que uma das idéias para o novo disco do Cavalera Conspiracy era um álbum de remixes. Vocês ainda pretendem fazer isso?
Max Cavalera – Essa ideia ainda está no ar. É preciso ter as pessoas certas e o tempo certo para fazer. No momento, não tem nada oficial. Temos que esperar um tempo para fazer isso direito. Isso se formos mesmo fazer, porque não tem nada definido.
ÉPOCA – No ano passado você ainda lançou um disco com o Soufly. Você vai levar as duas bandas paralelamente?
Max Cavalera – A ideia é continuar com as duas. Por exemplo, o Soulfly está em um break agora, porque vou fazer uma turnê com o Cavalera. Mas é bom para dar um tempo para o Soulfy respirar. No ano passado lançamos nosso sétimo disco, o que é bastante. Vou esperar para falar no próximo álbum do Soulfly só no ano que vem.
ÉPOCA – Por que você quis montar uma nova banda? Você sentia que haviam coisas, musicalmente falando, que você não poderia realizar com o Soulfly?
Max Cavalera – O Cavalera é mais o lance de tocar com o Iggor, de querer fazer música com meu irmão. Depois de 10 anos, quando a gente voltou a conversar e ser irmão novamente, ele queria só minha amizade e minha irmandade. Eu que botei na cabeça dele que a gente devia tocar junto, depois que a gente fez uma jam, tocamos coisas como “Roots” e a reação do público detonou a casa, foi de levar abaixo. Falei para ele que a gente devia voltar a tocar junto, é uma coisa natural Criamos o Sepultura juntos. Eu tinha feito Inflikted, a musica, e mostrei pra ele. Disse que tinha mais músicas, se quiser fazer isso, a gente toca junto. Começou na amizade.
ÉPOCA – Você sente que tem mais liberdade no Cavalera Conspiracy do que tinha no Soufly ou no Sepultura? As duas bandas já tinham um nome estabelecido. Com o Cavalera é diferente?
Max Cavalera – O legal do Cavalera é que ele representa uma volta às raízes do metal, tanto minha quanto do Iggor. Uma volta ao thrash, ao death metal, ao hardcore dos anos 1980. O que eu acho legal é esse preconceito nosso com outros estilos de música; DJ, reggae... Nada disso entra no som do Cavalera. É metal radical: camisa preta, cinto de bala e bracelete. Preconceito mesmo. Outros estilos não são bem-vindos. É metal para arregaçar!
ÉPOCA – O que você tem ouvido recentemente? Quais são as bandas recentes que você mais gosta?
Max Cavalera – Tem várias coisas legais saindo. O White Chapel lançou coisas boas. O Converge também. O Dillinger Escape Plan é outra banda que eu gosto. Tem Mastodon... O Gojira também. Eles estão gravando um EP que deve sair na metade do ano que é bom, bem pesado. Eu cantei em uma música desse EP, “Darkness”, que ficou bem legal.
ÉPOCA – Você acha que é mais fácil fazer sucesso hoje ou era mais fácil no tempo em que o Sepultura começou? A internet facilitou as coisas?
Max Cavalera – É diferente, não sei se é mais fácil ou difícil. É completamente diferente. Na época do Sepultura, era hora de trocar disco, de mandar fitas para o exterior... A gente mandava os dois primeiros discos, Morbid Visions e Schizophrenia, para ver ser alguma gravadora lançava a gente... Nosso nome começou a sair nos agradecimentos de discos de bandas como o Death... Hoje em dia, com a internet, as cosias estão mais fáceis de achar. Por exemplo, tem o Wormrot, que é uma banda de grindcore da Indonésia, e você pode achar o som deles na internet. O mundo está ficando mais perto.
Fonte: Revista Época
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